Peça da Exposição “Histórias do Universo dos Falantes”. Visite!

Cada um no seu: O adubo que virou flor.
Abri os olhos num susto.
Ouvi um cara falando. Falava muito. Putz!… Como fala e fala e fala.
“Meu Deus”, pensei, “Será que ele tem consciência do dessabor matinal que ele provoca agora?”
De sua glote barulhenta saia um mundaréu de palavras…. Conseguia vê-las voando, caindo no chão, desmontando-se desoladas, em seu próprio desprezo. Alquebradas, eram palavras-zumbis.
Levantei-me meio zonza, olhei pela janela e consegui focalizar um sujeito que, encerrado em seu mundo, era como um trombone, mas desconfigurado. A boca aberta, em movimentos constantes, simplesmente não parava. Os olhos estavam enfiados na face e longes, muito longes. Percebi que nem os olhos, nem o homem, não estavam mais lá. A única coisa presente era sua boca.
Então pensei: “Mundos e mundos, cada um está no seu. Eu cá, o cara lá, o outro ali, perto. As vezes bem perto. E assim vamos indo, todos juntos-separados, indo”.
Larguei o reclamão lá fora. Melhor, fora de mim.
Fechei os olhos e daquele monte de adubos vocabulares, flores começaram a nascer em meus ouvidos.
“Você viu?”
“Não, ouvi a mágica que passou a acontecer!”.
Trans-mude e o adubo se transformará em flor!
Por Lu Paternostro
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